Os signos do Zodíaco nem sempre viveram em paz. Nem todos os eram iguais. Nem todos eram unidos. E ainda havia as rivalidades entre aqueles que deveriam proteger a vida no mundo.
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Houve um tempo em que Dastus, a Rainha do Firmamento,
esposa do deus da criação, se afeiçoou muito pelas raças inteligentes de
Toggus. Os humanos, anões e elfos lhe causavam admiração e a Rainha via que
aqueles povos seriam promissores em seus caminhos. Os deuses invejosos,
entretanto, ameaçavam a permanência e a duração da vida no mundo com suas
guerras destrutivas. Dastus, então, decidiu criar guias astrais para proteger
as criaturas que ela admirava e os preparar para o confronto contra possíveis
invasões divinas e angélicas.
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Assim, a partir dos quatro elementos
naturais que garantiam o equilíbrio da natureza, a Rainha fez nascer 13 Guias e
os colocou na posição de vigias do mundo, noite e dia. Dessa forma, junto às
estrelas, as criaturas estavam sempre de olhos atentos ao que se passava lá
embaixo, auxiliando aqueles que lhe recorriam. Minuciosamente, Dastus escolheu
quais formas seriam ideais para que pudessem agir como protetores das raças. Da
terra, a Rainha decidiu unir o Touro selvagem, a Virgem imaculada e o
Capricórnio das montanhas; da água, os Peixes em cardumes, o Câncer na carapaça, o Escorpião e seu ferrão e o Serpentário que rastejava pelos oceanos; do fogo, os chifres de Áries, as garras e o rugido do Leão e a
flecha de Sagitário; e do ar, os irmãos guerreiros Gêmeos, a destreza de Libra
e os jarros de Aquário.
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Para que não houvesse discórdia, Dastus
pediu ajuda a Vlodiar, o deus do tempo, que entregou aos Guias os doze meses do
ano e lhes ordenou que os repartissem de forma igualitária entre si. Depois da
justa divisão, as pessoas nascidas em cada período ficariam sob a proteção do
Guia que detinha aquela parte do ano. Os 13 Guias espalharam seus templos ao
redor do mundo. Nesses lugares, os homens, anões e elfos que nasceram sob as
referidas constelações podiam treinar e aperfeiçoar as habilidades de seus
protetores astrais. Os templos eram os lugares santos e neles só entravam os
que fossem da mesma constelação. Caso contrário, os guardas matariam qualquer
invasor despreparado e desinformado.
Dessa forma, o Zodíaco prosperou por
milhares de anos.
Os primeiros
ciclos
O
plano de Dastus em criar os Guias protetores das raças inteligentes deu certo.
O Zodíaco, nome atribuído ao grupo, se instalara com perfeição no mundo e o protegia
contra as possíveis invasões de deuses e anjos invejosos. Mas havia algo que a
Rainha do Firmamento não previu. Nem todos os Guias eram iguais. Nem todos eram
unidos. E ainda havia rivalidades no céu entre os protetores, como Serpentário,
que se destacava mais do que seus irmãos.
Serpentário
era um dragão imenso da espécie única Gorgon
ardor, mais conhecido como a chama
que rasteja, uma serpente de tamanho colossal, indestrutível e indomável.
Enquanto não estava no céu guiando os poucos que nasciam sob sua constelação –
serpentarianos eram raríssimos –, vivia sob as águas escuras dos oceanos,
submerso nos reinos dos monstros marinhos. Alimentava-se de baleias gigantes,
que engolia sem sequer precisar mastigar, atraindo-as com um som traiçoeiro.
Dastus, sua criadora, havia sido generosa demais e lhe entregou o poder da invulnerabilidade
física, mental e emocional, transformando-o inocentemente numa arma de guerra.
Os
demais Guias tinham fraquezas. Áries era tão persistente que não se dava conta
da hora de parar. Leão não possuía autoconfiança e dependia dos outros para se
sentir importante. Escorpião, de tamanha intuição, desconfiava de tudo ao seu
redor. Mas Serpentário não tinha um ponto fraco sequer, era superior em todos
os sentidos, um deus entre homens, e logo se deu conta disso. Percebendo-se da
sua grandiosidade, usou todo o poder para a destruição. Era o terror dos
marinheiros desavisados, um leviatã sedento e esfomeado que se saciava
devorando esquadras de naus. Os templos de Aquário e Peixes, que ficavam no
mar, foram destruídos pelo seu fogo, que nem mesmo todo o oceano poderia
extinguir, e os Guias nada puderam fazer contra seu irmão indestrutível.
Foi
então que os Guias da Água – Câncer, Escorpião e Peixes – e os Guias do Ar –
Gêmeos, Libra e Aquário – decidiram se unir e deram início a um ciclo de
batalhas conhecido como o Horóscopo de Guerras. Como liderança, escolheram os
irmãos guerreiros Gêmeos. Esperando o momento oportuno de fraqueza de
Serpentário, o período em que, cansado, descia do céu e encerrava sua vigia
daquele ano, os Guias abriram o oceano e avançaram para as profundezas atrás de
seu irmão corrompido.
- Como se atrevem a desafiar-me dentro de minha
própria casa?! – Esbravejou Serpentário, com mil faíscas saindo de sua garganta
e fazendo estremecer todo o oceano.
O
cardume de Peixes avançou com seus dentes afiadíssimos que a tudo cortavam.
Câncer foi atrás, erguendo suas patas para cima e se encolhendo por baixo da
carapaça impenetrável. O Escorpião decidiu esperar o melhor momento de atacar.
Mas Serpentário era muito poderoso para ser derrotado por três míseros Guias.
Gêmeos, Libra e Aquário foram os próximos a cair, tão machucados que só
sobreviveram graças a uma ferroada abrupta do Escorpião sobre a serpente
inimiga, que se encurvou e abriu espaço para que fugissem ainda com vida.
A
primeira batalha foi um fracasso e Serpentário continuava aterrorizando o mundo
que deveria cuidar. Ao ver a derrota dos irmãos do Ar e da Água, os Guias do
Fogo decidiram fazer o trabalho por conta própria. Leão, Áries e Sagitário,
recusando a oferta de ajuda dos Guias da Terra, acreditando ter poder
suficiente para derrotar a serpente, partiram para o confronto e deram início
ao segundo ciclo do Horóscopo.
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O rugido do Leão abriu o oceano
novamente e os Guias mergulharam em águas escuras e profundas. Encontraram o
grande dragão com fúria nos olhos e pronto para devorá-los de uma só vez, como um
predador que aguarda a presa cair na armadilha. Áries enfrentou sozinho o
inimigo, saindo em disparada à frente, seus chifres duros como rocha indo
esmagar os dentes da serpente. Foi derrotado em menos de um minuto, deixando o
trabalho para os dois Guias restantes. Sagitário estendeu seu arco e mirou a
seta no ferimento causado pela picada do Escorpião. A flecha acertou em cheio o
coração de Serpentário, mas de nada adiantou. Em represália, o leviatã
arremessou o centauro a quilômetros de distância. Leão ficou por último.
Enrijeceu os músculos, balançou a juba, mostrou os dentes e as garras, apertou
a cara e soltou o rugido, que estrondou o mundo inteiro. Serpentário, nada impressionado,
respondeu-lhe com um grito ainda maior, que fez o felino correr como um gatinho
assustado.
Os
Guias, percebendo que não seriam páreos para o poder da grande serpente,
aceitaram a derrota e iriam entregar os meses do ano para que seu irmão ficasse
com todo o domínio. Foi então que os Guias da Terra, que não haviam participado
de nenhuma batalha, sugeriram uma nova incursão.
- Serpentário é indestrutível, mas conheço um objeto
que poderá nos dar uma última chance. – Disse Capricórnio, relembrando a todos
que era o mestre dos materiais.
- Temos o plano perfeito para derrotá-lo. – Sugeriu
a Virgem com palavras curtas. A julgar pelo seu poder, a Guia havia pensado em
tudo com perfeição.
A Foice do
Zodíaco
Capricórnio
conhecia todos os materiais do universo e sabia exatamente seu valor e
utilidade. O Guia disse aos demais que nenhum objeto do mundo terreno
derrotaria alguém do Zodíaco, já que todos eram seres astrais. Somente um
material astral poderia ferir e matar um Guia. Mas, para isso, precisava da
ajuda de Escorpião, o único que poderia viajar pelo Universo com rapidez e
sutileza para extrair o minério necessário.
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Escorpião
subiu aos céus e caminhou por entre as constelações. Suas patas se moviam
depressa e ele logo desapareceu sem deixar rastros. Com as pinças afiadas,
arrancou das estrelas o mineral obsidiana
e o trouxe em segurança de volta à terra. A pedra, negra como a noite e
brilhante como o sol, foi entregue a Sagitário, que tinha conhecimento de alto
nível com armas. Sagitário transformou a rocha em um metal afiado e, depois,
em arma. A poderosa arma astral que poderia derrotar Serpentário.
A recém-forjada
Foice do Zodíaco passou para as mãos de Libra, que, por ter o conhecimento
máximo da Justiça, deveria saber qual o melhor caminho a ser tomado dali pra
frente. A Guia decidiu investir em uma terceira e última batalha, a qual todos os
doze se uniriam contra Serpentário. O Zodíaco se preparou para o confronto e
seguiu para o oceano uma última vez.
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Antes
de chegarem ao mar, houve um imenso tremor na terra e no ar e uma rachadura se
abriu nos céus. Mal perceberam os Guias que estavam no período de Serpentário
mais uma vez, e ele, durante todo o tempo, os observava dali de cima.
- Tolos! – Gritou o dragão. – Não podem me derrotar!
Sou indestrutível e tomarei o lugar dos doze no Universo! Meu poder ultrapassa
os limites do céu, da terra e do mar!
Os
Guias se prepararam e avançaram, abrindo caminho para deixar Libra por último.
Serpentário saiu de sua posição, movendo as estrelas, alterando todo o mapa
astral. O mundo caía em ruínas, os tremores não cessavam. A imensa serpente
atravessou o céu e foi de encontro com seus irmãos enfurecidos. O choque foi
tão grande que fez muitas estrelas explodirem com o impacto. Os continentes
racharam e se dividiram, outros se uniram. Ilhas surgiram e imergiram. As
nuvens pegaram fogo. O céu estava em guerra.
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Libra
segurou a Foice com as duas mãos e pulou para cima de Serpentário. Os Guias davam
cobertura. A serpente retaliou com maestria e ambos caíram no oceano. A batalha
prosseguiu dentro do mar, até que finalmente a Justiça arrancou a cabeça da
cobra. Seu corpo foi petrificado e se tornou uma sequência de arcos de pedra
que até hoje podem ser vistos. A cabeça foi arremessada para longe e acabou
sendo fincada numa ilha, onde também permanece até os dias atuais. O mundo foi
livrado de Serpentário, o Guia invencível. O Horóscopo de Guerras chegou ao
fim.
Capricórnio
olhou para o céu e viu que as estrelas haviam se movido com a batalha.
Serpentário não mais habitava entre os Guias. Sua constelação havia sido
esquecida. O mapa astral agora era outro, totalmente alterado por causa do
Horóscopo. Libra era justa e sabia que não teria conseguido derrotar a serpente
sem a ajuda do Zodíaco. Decidiu entregar o período, que antes pertencia a
Serpentário, ao Escorpião e Sagitário, que haviam recolhido a obsidiana e a
transformada em Foice. Ao Capricórnio entregou as chaves do início do ano, um
verdadeiro privilégio. E com todos firmou um pacto de paz. A partir de agora
não seriam apenas Guias, mas Signos, seres que estariam ao lado das raças
inteligentes e lutariam para que nenhum outro poder destrutivo ameaçasse o
mundo novamente.
A
Foice do Zodíaco foi reforjada por Sagitário, que a transformou numa espada
afiadíssima e pontiaguda. O centauro deixou-a aos cuidados de Libra, que a usa até hoje
para aplicar a Justiça. Suas imagens e esculturas mantêm vivas as memórias da
guerra contra Serpentário, mostrando a Guia a pisar sem dó no pescoço da
serpente que todos diziam ser indestrutível.